O homem e o macaco

8 abril, 2009

Qual a diferença mesmo entre o homem e o macaco? Os dois são mamíferos, andam de pé, se articulam com as mãos… bem, o macaco é um pouco menor que o homem e possui rabo, algo que tinhamos também, alguns milhares de ano. Esse não deve ser o diferencial. Acho que a diferença está  no homem…deixe-me pensar….ah sim, é isso mesmo: o homem pensa! Será?!

 O macaco como um ser irracional, age, obviamente, por instinto. Pode-se dizer, na verdade, que o instinto animal do macaco é bem desenvolvido. Ele é um animal esperto, que sabe usar as ferramentas que a natuerza lhe dá – leia-se, galhos, folhas e pedras – para se alimentar e sobreviver.

Na sua irracionalidade, ele vive unicamente para sobreviver e seu trabalho é esse. O de sobreviver. Funcionando como um mecanismo dentro da cadeia animal, onde se alimenta de frutas, verduras e insetos; e serve de alimento para animais carnívoros maiores. E isso é valido para todos os animais, incluisve nós, seres pensantes.

Cada animal tem sua ferramenta natural de sobrevivência no mundo, tanto para comer quanto para não ser comido. Uns tem asas pra voar, outros visão noturna, outros tem grandes pêlos, outros grandes garras, grandes dentes, audição aguçada, faro aguçado… escamas, traquéias, nadadeiras, uns são velozes, outros se camuflam na natureza… enfim, cada animal tem seu diferencial, tanto para fugir das suas presas, quanto para localizá-las.

Ou seja, no final das contas, eles comerão para virarem comida. O adubo fortalece os vegetais (que vivem de água e fotossintese), que são  comidos pelos insetos, que são devorados por ratos, que são degustados pelas cobras, que no dia seguinte vira o prato principal de  alguma ave que pode vir a ser alimento de algum felino, que quando morre, ao se decompor vira comida de moscas , que é o prato preferido dos sapos, que também servem de alimento das cobras e…

Nossa, estamos na cobra de novo. Sim, o cíclo é interminável. E isso é uma dádiva divina, confesso. É a cadeia alimentar funcionando naturalmente. Como se cada animal fosse uma peça de uma máquina. É perfeito.

E com o homem não seria diferente. A nossa ferramenta de sobrevivência é a racionalidade. Apesar de muita semelhança com o macaco, nós somos diferentes porque pensamos. Para muitos, isso nos torna superiores a eles, porém, eu discordo totalmente.

Oras, ser um ser pensante também é uma dádiva.Isso deveria nos tornar um ser crítico, analítco e observador de tudo que nos rodeia. Só que me parece, que há pessoas que não sabem usar o amendoim que carrega dentro da cabeça e parece agir pior que nossos primos primatas.

Eu me refiro aquelas pessoas que não se questionam o motivo deles estarem no mundo, que vão levando a vida no “automático”, sem fazer idéia do que é instinto. Trabalham, pra ganhar dinheiro, mas não sabem o que estão fazendo e o que isso pode interferir no mundo em que vive.

Ou seja, ter um cidadão como esse trabalhando – e que não são poucos -, ou um macaco, daria no mesmo, pois ambos não pensam, não criticam, não questionam. Simplesmente vivem, com a diferença que o macaco é treinado ou adestrado para tal, o homem, não deveria ser…


O poder de uma novela

8 abril, 2009

Uma das maiores facinações do povo brasileiro, são as novelas aqui produzidas. São realmente produções incríveis. Produto de exportação, é um sucesso no exterior, do mesmo modo que os filmes Holiwoodanos são para os Estados Unidos, as novelas são para o Brasil.

Mas, assim como os filmes de Holiwood já cairam numa tendência repetitiva padronizada, com mocinho, mocinha e vilão, – e isso independe de ser filme de ação, aventura, comédia ou drama – e com final feliz, as novelas também seguem um padrão. Com mocinhos, mocinhas e vilões. Tem gente que morre no meio da novela e ninguém sabe quem matou e a dúvida segue até o último capítulo. Sem esquecer dos casamentos e dos inumeros trabalhos de parto que acontecem, terminado tudo em final feliz também.

Bem, na relidade, na contemporaneidade, nada mais se cria, tudo se copia. Neste caso, depois que descobriram a fórmula do sucesso para vender as novelas, muda-se o nome, o cenário, os personagens, mas de resto, a história é sempre a mesma.

E é incrível como isso vende. Como o povo se interessa e nem percebe que a novela atual, é igual a anterior, que é igual a anterior e que será igual a futura. A novela sempre foi um meio de manipulação. Todavia, antigamente, além de mais criativa e original, ela procurava fazer uma crítica a sociedade da época, ou o governo vigente. 

Atualmente, as críticas foram deixadas de lado e passaram a ser tratados temas polêmicos pertinentes a sociedade, pautando a mídia, de maneira que as pessoas acabam usando como argumento “o caso da novela”. Quer dizer, a novela fala sobre um assunto específico e a mídia passa a produzir mais notícias sobre o o fato na vida real e, não raramente, comparando com o acontecimento da novela.

Hoje a novela se tornou ainda mais, uma maneira de formar opinião e  isso é visto de maneira escancarada. A construção de um personagem determina se ele será bandido ou mocinho e alguns casos, o que é desenhado como bandido, passa a ser visto como bandido na vida real também. E vice-versa.

Me lembro vagamente de um exemplo que aconteceu na Malhação, no mesmo período (coincidentemente, claro) da onda de greves e invasões às reitorias, em especial na USP e na UnB, que levaram a queda dos seus respectivos reitores, por uso ilícito de verbas públicas para benefício próprio. 

Na novela – se é que podemos chamá-la assim, por ela não ter fim e ninguém se lembrar mais como ela começou – o fato foi que, um grupo de estudantes estavam tentando organizar um Grêmio Estudantil. E era engraçado ver a maneira como eles faziam a inversão de valores, pois  aqueles que gostariam de fazer revindicações estudantis, ou protestar por melhorias na escola, eram desenhados como os baderneiros, que se vestiam de preto, que matavam aula e etc e tal. Já os bonzinhos eram aqueles que simplesmente queriam fazer festas e organizar atividades de auto-promoção, pois afinal, popularidade é o que importa.

Logicamente, a construção da imagem desses personagens na novela, foi refletida na vida real. No caso real, muita gente passou a ver aqueles manifestantes como baderneiros, que só querem matar aula e bla bla bla.

E inocente é quem não acredita nisso. Que pensa que isso é mera coincidência, ou fruto da imaginação de alguém que acredita na Teoria da Conspiração.

Mas é lógico que é muito melhor tentar saber quem matou Odeth Roithman, do que saber onde a governadora tirou dinheiro pra comprar sua casinha, ou que aconteceu com os cidadãos envolvidos no mensalão. Estão presos? Devolveram o dinheiro da cueca?

Conclusão: Vida real é um saco! viva a novela!


Xadrez no futebol

19 fevereiro, 2009

Pode parecer maluquice da minha cabeça, mas raciocinem comigo:

O Grêmio no atual momento disputa dois campeonatos. O Gauchão, que não tem expressão nenhuma e que não faz muito sentido disputá-lo se não for para haver um belo gre-nal na final; e a Libertadores que dispensa descrições.

Da mesma maneira que o Grêmio, o Inter também disputa dois campeonatos. O mesmo Gauchão, e a Copa do Brasil, que também logicamente  não tem o mesmo peso de uma Libertadores e comparar as duas competições seria insanidade. Inclusive, a forma como as duas ocorrem são bem distitntas.

[Nota do Editor] – não é minha intenção minimizar a Copa do Brasil ou maximizar a Libertadores, como muitos poderiam achar, pelo fato de eu ser gremista e estarmos competindo a segunda, mas todos devem reconhecer que existe grandes diferenças na forma de competir nestas duas copas. Além do mais, diferente dos nossos co-irmãos vermelhos, reconheço a Copa do Brasil como um campeonato de grande expressão nacional e reveladora de grandes craques.

Continuando. Se o Grêmio passar pelo Juventude neste sábado, pelo Gaúchão, jogará as semi-finais do campeonato, na sexta-feira seguinte, dia 27. Contudo, dois dias antes, estreará na Libertadores. E caso passe para a final, a decisão do turno do campeonato será no domingo, dia 1º de março, dois dias depois das semi-finais.

Como é de se esperar, Grêmio dará prioridade ao torneio continental e conseqüentemente, o regional ficará em segundo plano. Assim sendo, possivelmente jogará com time misto, ou reservas as semi-finais e finais.

Prevendo o acúmulo de jogos e sabendo que ninguém quer disputar um campeonato com a intenção de não levantar a taça, a direção gremista procurou a Federação Gaúcha de Futebol para re-marcar o jogo da final, passando do domingo para a segunda-feira.

É de conhecimento geral também que, óbviamente, Grêmio e Inter são os favoritos para o título, tanto do turno, quanto do returno, como da decisão final.  Até porque, ambos tem mando de campo nas partidas decisivas, em função de terem sido os 1ºs colocados de seus respectivos grupos.

E caso dê, e tudo indica que dará mesmo, GRE-nal na final, a partida seria disputada no Beira-Rio, por melhor aproveitamento no campeonato, por parte do time colorado.

Porém, – e aí está o que me refiro no início do texto – tendo o mando de campo da final do gaúchão e sabendo dos planos do Grêmio, de possivelmente jogar essa partida com um time misto ou reserva, o Inter, que estreou ontem na Copa do Brasil contra o União Rondonópolis, do Mato Grosso,  estrategicamente perdeu a partida por 1×0, obrigando a acontecer um jogo de volta, no estádio Beira-Rio, no dia 4 de março.

Com isso, o pedido do Grêmio a FGF teria que ser negado, pois o inter usaria de argumento não querer jogar a final na segunda-feira, visto que teria uma “importante” partida a fazer na quarta.

Ou seja, como num jogo de xadrez, o inter pensou nas jogadas seguintes e colocou o Grêmio em xeque, obrigando-o a jogar a possível final, sem seus principais atletas.


Teoria Oposição x Situação – Parte 1 [2] 3 4 5

29 outubro, 2008

Depois de algum tempo, volto a falar sobre a teoria da Oposição x Situação. Nessa segunda parte dessa “mini-série” de cinco capitúlos, continuarei falando de questões políticas, mas desta vez apartir do momento em que a oposição virou situação. É engraçado ver como o jogo muda apartir daí.

…continuando nossa história…

…Quando o nosso Presidente Lula finalmente conseguiu chegar a presidência, todos acreditavam que as coisas iriam mudar, que viveriamos um processo de melhorias, que a desigualdade iria diminuir, que a corrupção iria acabar entre uma infinidade de outras coisas que esperávamos que acontecesse.
 
Muitas pessoas acreditavam que aquele 1º de janeiro de 2002, seria um marco para a história nacional. Tanto acreditavam, que a Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi tomada por multidões de diversas regiões de todo o Brasil. Mais de quinhentas mil pessoas, no mínimo, estiveram lá, para comemorar a posse do presidente e do que se acreditava, inicio da verdadeira democracia.

O povo estava em festa, o Brasil etava em festa. Foram alguns meses até a máscara cair e Lula se mostrar a ser igual a qualquer outro presidente que passou pelo Palácio do Planalto.

Lula viu o quão duro é ser situação. Quisera ele voltar no tempo e voltar aos belos momentos em que ele era oposição. O povo se desiludiu, afinal, acreditava em novos tempos e caiu na labia do agora, Senhor Luis Inácio Lula da Silva.

E para quem acreditava que o ano de 2002 seria um marco histórico positivo para o Brasil, se tornou num dos terriveis momentos da nossa história.

A partir daí, a esquerda se rompeu e com isso, todos os movimentos sociais, sindicais e estudantis se dividiram em governistas e opositores.

Aquilo que o MST, a CUT e a UNE, tanto criticavam quando o PT não estava no poder, passou a ser defendido com unhas e dentes. As vezes, com ressalvas. O governismo tomou conta das prnicipais instituições de representatividade do país.

(A UNE já havia se perdido como representatividade há algum tempo. Lá em 92, com o movimento dos Caras Pintadas, que buscava a cassação do então presidente Collor, e que tinha um suspeito apoio e envolvimento da Globo. A mesma Globo que o pos no poder, fez de tudo pra tirá-lo de lá.. E de fato conseguiu. Mas apesar dessa história, a UNE ainda podia ser conciderado um braço das construções de esquerda no país).

Os dois primeiros anos de mandato do novo presidente se passaram com um ar de esperança. Acreditavam que as mudanças de postura do sindicalista de esquerda era ainda justificável, afinal, não se poderia mudar todas as cagadas históricas em dois anos. Porém aos poucos cada cidadão que acreditou em Lula, foi caindo em sí e voltando a realidade, vendo que nada mudaria e que Luis Inácio era igual a qualquer outro.

A prova disso veio nas eleições de 2006, quando Lula radicalizou geral. Passou a aparecer de terno e gravata, e trocou o seu “Companheiros e Companheiras” por um “Meus amigos e minhas amigas”.  Foi o atestado de igualdade aos seus antecessores que estava faltando.

E o inesperado aconteceu. No país, já não existia mais oposição, não existia mais representatividade de esquerda e todas as unidades que se tinham entre partidários diversos e independentes se perderam. Cada partido queria levar o osso para casa e os independentes se viram no meio de uma guerra político-partidaria sem tamanho.

Nem toda situação atua como Lula tem atuado, radicalizando geral na postura, mudando o discurso, agindo de modo oportunista, mas com certeza, ser oposição é bem mais fácil.

…Nos próximos capitulos, a aplicação dessa teoria em outros âmbitos da nossa vida…


Teoria Oposição X Situação – Parte [1] 2 3 4 5

1 outubro, 2008

A teoria da Oposição X Situação é muito simples e bem aplicada em quase todas as esferas da nossa vida. Baseia-se inicialmente na facilidade de ser oposição e posteriormente, nas dificuldades de ser situação.

Nesta primeira e segunda parte mostrarei sua  aplicação na esfera política.

A época em que a esquerda inteira era oposição

Podemos observar isso na luta incansavel do PT ao Governo Federal. Foram 14 anos atuando como oposição e posando de esquerda. Desde o final dos anos 80 Lula era o operário, sindicalista, o esquerdista, o analfabeto inteligente. Foi lider sindical, organizou greves e até foi preso por isso.

Em 1978 tornou-se conhecido nacionalmente com as greves do setor metalúrgico. Com a repercussão na mídia amadureceu a idéia de fundar o Partido dos Trabalhadores, concretizado em 1980. Lula foi co-fundador  do partido e posteriomente se tornou presidente de honra do PT.

 Nas eleições “democráticas” de 1989, a primeira eleição direta, a Globo manipulou as eleições e Collor veio a vencer o pleito daquele ano, no segundo turno sobre o “Companheiro Lula”. Dois anos depois, Collor veio a ser “impeachmentado” por envolvimento em esquemas de corrupção, em parceria de seu sócio e tesoureiro de campanha eleitoral PC Farias. A presidência foi assumida, por seu vice-presidente Itamar Franco.

Cinco anos mais tarde, em 94, lá estávamos nós, vendo Lula em cima de um caminhão de som, de camisa aberta, sem paletó, gritando aos mil ventos, “Companheiros e companheiras…”. Desta vez, seu opositor era Fernando Henrique Cardoso, que massacrou Lula sem piedade, no primeiro turno, com 54% dos votos, a 27% de Lula.

Neste periodo, toda a esquerda do país resumia-se única e exclusivamente no PT. Todos os movimentos sociais, sindicais e estudantis estavam juntos. Era a grande força da oposição. As atividades e encontros do ME eram formadas pelas grandes massas, todos juntos na construção de um mundo melhor.

(Vejo por fotos a história do ME ao longo dos anos 90, plenárias com mais de mil pessoas, atividades onde os estudantes se interessavam em participar, atos com multidões com faixas e bandeiras em punho, paralisações radicalizadas. Projetos que não eram apenas idéias mirabolantes, onde, a galera da época realmente botava em prática, ao invés de se acomodar as facilidades do dia-a-dia).

Em 98, a história não foi diferente. Embalado com o sucesso do Plano Real e com o lendário “fim da inflação”, além de toda a máquina do Governo Federal, FHC novamente bateu Lula no primeiro turno, desta vez com uma diferença um pouco menor, 50,06% à 31,7%.

Ao longo de todo seu periodo como oposição, Lula sempre buscou ataques a seus principais oponentes, tocando forte no seus pontos fracos, denunciando toda a direitosa prática de seus opositores e a possível implantação de um neoliberalismo no país. Dizia o que mudaria e o que faria quando fosse presidente, mirabolando propostas e idealizando ideais, sem deixar de criticar a situação, denunciando o que está errado, mostrando todos os defeitos que cada gestão tinha. Típico de oposição, e honestamente, nada anormal.

O povo, já cansado de esperar por mudanças, finalmente deram uma chance a Lula de governar o país. E em 2002, com um discurso bem mais moderado que de costume, Lula se juntou com José Alencar, um empresário direitoso do Partido Liberal. A vitória já era precentida por todos esquerdistas do país.

Em sua campanha, Lula foi com tudo pra vencer. Mudou a postura, apesar de manter o seu jargão clássico “Companheiros e companheiras”, mas aparecia mais arrumado, sem aquele ar de “o homem do povo”, posando de rapaz trabalhador. Mas aquele discurso militante, já não era o mesmo. Criticou todos, mas com moderação, até que no dia 27 de outubro de 2002, no segundo turno, esbugalhou o candidato à continuidade dos trabalhos de FHC, José Serra, do PSDB. Com 61% dos votos, Lula finalmente chegava a presidência da república.