Teoria Oposição X Situação – Parte [1] 2 3 4 5

1 outubro, 2008

A teoria da Oposição X Situação é muito simples e bem aplicada em quase todas as esferas da nossa vida. Baseia-se inicialmente na facilidade de ser oposição e posteriormente, nas dificuldades de ser situação.

Nesta primeira e segunda parte mostrarei sua  aplicação na esfera política.

A época em que a esquerda inteira era oposição

Podemos observar isso na luta incansavel do PT ao Governo Federal. Foram 14 anos atuando como oposição e posando de esquerda. Desde o final dos anos 80 Lula era o operário, sindicalista, o esquerdista, o analfabeto inteligente. Foi lider sindical, organizou greves e até foi preso por isso.

Em 1978 tornou-se conhecido nacionalmente com as greves do setor metalúrgico. Com a repercussão na mídia amadureceu a idéia de fundar o Partido dos Trabalhadores, concretizado em 1980. Lula foi co-fundador  do partido e posteriomente se tornou presidente de honra do PT.

 Nas eleições “democráticas” de 1989, a primeira eleição direta, a Globo manipulou as eleições e Collor veio a vencer o pleito daquele ano, no segundo turno sobre o “Companheiro Lula”. Dois anos depois, Collor veio a ser “impeachmentado” por envolvimento em esquemas de corrupção, em parceria de seu sócio e tesoureiro de campanha eleitoral PC Farias. A presidência foi assumida, por seu vice-presidente Itamar Franco.

Cinco anos mais tarde, em 94, lá estávamos nós, vendo Lula em cima de um caminhão de som, de camisa aberta, sem paletó, gritando aos mil ventos, “Companheiros e companheiras…”. Desta vez, seu opositor era Fernando Henrique Cardoso, que massacrou Lula sem piedade, no primeiro turno, com 54% dos votos, a 27% de Lula.

Neste periodo, toda a esquerda do país resumia-se única e exclusivamente no PT. Todos os movimentos sociais, sindicais e estudantis estavam juntos. Era a grande força da oposição. As atividades e encontros do ME eram formadas pelas grandes massas, todos juntos na construção de um mundo melhor.

(Vejo por fotos a história do ME ao longo dos anos 90, plenárias com mais de mil pessoas, atividades onde os estudantes se interessavam em participar, atos com multidões com faixas e bandeiras em punho, paralisações radicalizadas. Projetos que não eram apenas idéias mirabolantes, onde, a galera da época realmente botava em prática, ao invés de se acomodar as facilidades do dia-a-dia).

Em 98, a história não foi diferente. Embalado com o sucesso do Plano Real e com o lendário “fim da inflação”, além de toda a máquina do Governo Federal, FHC novamente bateu Lula no primeiro turno, desta vez com uma diferença um pouco menor, 50,06% à 31,7%.

Ao longo de todo seu periodo como oposição, Lula sempre buscou ataques a seus principais oponentes, tocando forte no seus pontos fracos, denunciando toda a direitosa prática de seus opositores e a possível implantação de um neoliberalismo no país. Dizia o que mudaria e o que faria quando fosse presidente, mirabolando propostas e idealizando ideais, sem deixar de criticar a situação, denunciando o que está errado, mostrando todos os defeitos que cada gestão tinha. Típico de oposição, e honestamente, nada anormal.

O povo, já cansado de esperar por mudanças, finalmente deram uma chance a Lula de governar o país. E em 2002, com um discurso bem mais moderado que de costume, Lula se juntou com José Alencar, um empresário direitoso do Partido Liberal. A vitória já era precentida por todos esquerdistas do país.

Em sua campanha, Lula foi com tudo pra vencer. Mudou a postura, apesar de manter o seu jargão clássico “Companheiros e companheiras”, mas aparecia mais arrumado, sem aquele ar de “o homem do povo”, posando de rapaz trabalhador. Mas aquele discurso militante, já não era o mesmo. Criticou todos, mas com moderação, até que no dia 27 de outubro de 2002, no segundo turno, esbugalhou o candidato à continuidade dos trabalhos de FHC, José Serra, do PSDB. Com 61% dos votos, Lula finalmente chegava a presidência da república.