Quer incomodar? Então toma! Parte II

29 agosto, 2008

Na terça-feira, postei uma matéria que saiu na Zero Hora, sobre uma polêmica gerada por um aluno da UFRGS, que entrou com um processo administrativo junto à universidade, por causa de um muro que foi grafitado, com a inscrição: “Pra que(m) serve o teu conhecimento?”, no Instituto de Letras da Universidade. 

Este ser conservador alegava dano ao patrimônio,  porém, a universidade arquivou o seu processo, por afirmar que, “antes de ser vandalismo, é um ato de extremo instigamento ao pensamento crítico, eivado de indagação filosófica que não desmerece o patrimônio”.

Pois bem. Quem achava que isso acabaria por aí, se enganou. Veja o que saiu na Zero Hora de ontem, quinta-feira:

Mais tinta na parede da controvérsia

Ontem, depois de a UFRGS arquivar queixa por dano ao patrimônio e elogiar grupo que fez inscrição em parede sem pedir autorização, estudantes revoltados com a decisão cobriram a pintura

Com uma lata de tinta e um pincel levados de casa, dois alunos colocaram ontem mais lenha na polêmica envolvendo uma pintura não-autorizada em um prédio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Por volta das 16h, eles cobriram a inscrição “Pra que(m) serve o teu conhecimento?”, feita em abril numa parede externa do Instituto de Letras, no Campus do Vale, em Porto Alegre.

Por considerar a inscrição um dano ao patrimônio público, o aluno Anderson Gonçalves, 35 anos, do curso de Ciências Contábeis e integrante do Movimento Estudantil Liberdade (MEL), havia entrado com processo administrativo junto à universidade.

No mês passado, a Secretaria de Assuntos Estudantis (SAE) arquivou o caso dizendo que a pintura, “antes de ser vandalismo, é um ato de extremo instigamento ao pensamento crítico, eivado de indagação filosófica que não desmerece o patrimônio”. Como argumento, a SAE disse que não havia necessidade de autorização para a primeira pintura por se tratar de um espaço historicamente usado para manifestações dos estudantes.

O estudante de Letras Hermano Talamine, 23 anos, assumiu o ato de ontem com o colega de curso Augusto da Rosa, 22 anos.

– Resolvi pintar porque a lei (que tipifica pichação e grafite não-autorizados como crime no país) não está sendo cumprida. A iniciativa foi minha. Estamos a favor da lei e da democracia – disse Talamine.

Em tom salmão, a tinta cobriu parcialmente a inscrição em cerca de 10 minutos. Durante o ato, os jovens, que disseram não integrar o movimento estudantil nem partidos políticos, começaram a ser interpelados por estudantes contrários à cobertura do grafite. Segundo testemunhas, houve forte bate-boca e confusão por mais de 30 minutos, mas não a ponto de se agredirem fisicamente.

Seguranças da universidade foram chamados e acalmaram os ânimos. Foram anotados os dados pessoais dos dois estudantes. À noite, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), os diretórios e centros acadêmicos da UFRGS emitiram nota de repúdio ao ato dos dois estudantes.

– Não é um simples ato de um aluno contra uma obra de arte, mas é a manifestação de um grupo de estudantes conservadores que não toleram o questionamento do papel da universidade – avaliou o coordenador-geral do DCE, Rodolfo Mohr.

Ato de ontem foi repudiado por autoridades da UFRGS

Posição de repúdio também teve o secretário de Assuntos Estudantis, Angelo Ronaldo Pereira da Silva, que classificou o ato como “desnecessário”. Para ele, há assuntos mais importantes para serem motivos de discussão que a pintura de uma parede.

O autor do processo administrativo, Anderson Gonçalves, não se mostrou surpreso com a cobertura da inscrição. Para ele, foi uma resposta ao precedente aberto pela universidade quando não repreendeu os responsáveis.

O diretor do Instituto de Letras, Arcanjo Pedro Briggmann, que havia criticado o arquivamento do processo que isentou de punição os autores do grafite, também criticou a pintura mais recente:

– Eu repudio igualmente porque acho tão irregular quanto a primeira. Estão pintando um prédio público sem autorização. Vou pedir ao reitor uma verba especial para repintar a parede, mas é certo que em três dias vão pintar de novo.

Responsável pelo grafite que deu origem à mais nova polêmica na UFRGS, a estudante de Ciências Sociais Juliane da Costa Furno, 19 anos, não foi localizada por Zero Hora.”

Não é de se estranhar que pessoas tenham se sentido ofendidas com a frase, afinal, como disse a Secretaria de Assuntos Estudantis (SAE) da universidade “este é um ato de extremo instigamento ao pensamento crítico, eivado de indagação filosófica.” E de fato, para conservadores como estes dois, a frase deve ter feito-os pensar e refletir, o que deve ter incomodado bastante.

Imagina?! Pensar! Que absurdo.


Como vou saber o que quero, se só conheço um lado?

28 agosto, 2008

Não existe assunto mais polêmico no meio jornalístico do que a questão da regulamentação, ou não, do diploma da profissão. No meio acadêmico de comunicação, essa é a ordem do dia. Há varios dias, diga-se de passagem.

Na universidade, vemos os professores preocupados em defender com unhas e dentes a obrigatoriedade do canudo. E não é por menos. Eles, como pessoas que praticam a arte de lecionar, podem estar com os dias contados. Não que o jornalismo como profissão vá acabar, mas a busca pelo curso poderia cair e isso levaria a demissão em massa dos grandes mestres. Ou poderia acontecer o contrário. Pessoas, que pouco se importam com o diploma, e sabem que não será um pedaço de papel que vai te diferenciar dos demais, ou destacar suas qualidades,  farão o curso pela formação acadêmica, compreendendo as questões teóricas, éticas e  morais que engloba a profissão de jornalista. Além claro, de um bom apurador de notícias, pelo simples fato de ser um apaixonado pelo jornalismo.

Porém,  de nada vale debater se o diploma é ou não é importante, quando vemos tudo que aprendemos nas salas de aula cairem por terra, toda vez que a discussão é travada entre professores e acadêmicos. Todo aquele papo de democratização das mídias, de que sempre temos que ouvir os dois lados da notícia, buscando a imparcialidade dos resultados e cuidar, por mais que seja dificil, de nunca formar opinião, soa bonito pelos quatro cantos da sala, mas na prática, a realidade é outra.

Atualmente, dentro das universidades, essa questão do diploma não é discutida. Ela é imposta. Ou tu é a favor do diploma ou tu é a favor do diploma. Não existe outra opção. Agora me pergunto: Cadê a democratização da comunicação? Cadê a imparcialidade? Cadê os cuidados para não formar opinião?
Tudo isso que primamos, não existe. É lenda!

A faculdade trás palestras e faz campanha, mostrando apenas um lado dessa moeda, ao invés de promover debates, deixando que seus estudantes escolham o que concideram melhor para si. Mas não, oculta-se o outro lado e bombardeia com a opinião que lhes convém. É capaz de qualquer dia sair uma votação para saber a opinião dos estudantes. Conheçendo apenas um lado dessa discussão, o que será que eles votarão?

Ora, se na faculdade, que deveria ser um lugar neutro de opiniões, polêmicas como essa não são debatidas, imagina o que teremos que enfrentar no mercado de trabalho.


Quer incomodar? Então toma!

26 agosto, 2008

Tem gente que não tem mais o que fazer mesmo:

Parede pintada gera processo na UFRGS
Estudante entrou com ação por considerar a inscrição ato de vandalismo

Por ter sido feita sem autorização e não ter motivado uma repreensão, a pintura de uma parede do Instituto de Letras ganhou status de polêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Considerado dano ao patrimônio público por um aluno, o desenho feito por alunos — com os dizeres “Pra que(m) serve o teu conhecimento?” — foi avaliado pela UFRGS como “fundamental ao pensamento crítico”.

Ao saber da pintura, o estudante de Ciências Contábeis Anderson Gonçalves, 35 anos, integrante do Movimento Estudantil Liberdade (MEL), abriu processo administrativo junto à universidade para saber se a parede havia sido cedida aos alunos. No documento, ele classificou o ato como vandalismo, identificou um dos responsáveis e pediu a punição do grupo.

Cerca de dois meses depois, o estudante ficou surpreso com a justificativa da universidade para arquivar o processo. Em um texto de 25 linhas, o secretário de Assuntos Estudantis, Angelo Ronaldo Pereira da Silva, informou que a pintura, “antes de ser vandalismo, é um ato de extremo instigamento ao pensamento crítico, eivado de indagação filosófica que não desmerece o patrimônio”.

Segundo Silva, a parede em que a inscrição foi feita é historicamente usada para manifestações dos alunos, como divulgação de atividades artísticas e avisos diversos, o que dispensaria a necessidade de autorização.

— Existe uma diferença grande entre grafitagem e pichação. Essa pintura, que deixou o local até em melhores condições, não é pichação — informou o secretário de Assuntos Estudantis.

Para o autor do processo, o episódio abre precedentes para que outros alunos se sintam livres para registrar suas opiniões nas paredes da UFRGS.

— Estão encobrindo um crime, que é o dano ao patrimônio. Existem outros espaços para os questionamentos dos estudantes — argumenta.

Hoje, Gonçalves deve entrar com ação no Ministério Público Federal, uma vez que a universidade arquivou o processo.

Fonte: Zero Hora


Uma boa foto

22 agosto, 2008

Lendo as notícias pela internet, me deparo com essa foto, no site do clicrbs, do jogo de ontem, entre Grêmio e Flamengo, que achei muito boa:

A foto é do fotógrafo André Mourão, da Gazeta Press.


Ano de eleição

21 agosto, 2008

Pois é, chegou mais um ano de eleição. Ano de eleição é sempre uma loucura. As vezes nem notamos que, de novo, estamos em um ano de eleição. Mas basta andar nas ruas e ver a cidade mais limpa, com mais segurança, as leis realmente funcionando…

Dessa vez as eleições são municipais.

É bem engraçado, pois em ano de eleição é o momento certo pro prefeito mostrar serviço, afinal, ele tem que garantir seu posto por mais quatro anos. As obras que passaram bons tempos andando a passos curtos, parecem que voam nesse ano. Asfalto, esgoto, luz, seguranças… Nossa, a cidade se transforma.

Além de tudo isso, somos assediados em todos os lugares que se possa imaginar. Nos bares, nos estadios, nos parques, no centro, nas festas. Chega a ser engraçado. Não se pode fazer mais nada na cidade sem que tu seja abordado pelos mais diversos militantes, dos mais diversos partidos, te bombardeando com panfletos e promessas. Pessoas que tu nunca viu na vida, vem te “garantir” mudanças, atitudes e posturas. “Eu irei melhorar a orla do Guaíba, iluminando todo o caminho Gasômetro-Marinha”, diz um. “Agora com a Lei Seca, eu irei fazer o ‘Transporte Noturno’ onde serão disponibilizados Kombis e Vans que te levarão em casa para que você possa curtir a sua noite”, diz outro. “Porto Alegre quer e pode mais”, diz uma terceira.

Quando de fato são militantes, né? Porque o quem tem de partido contratando gente pra ficar segurando bandeira e distribuindo panfletos, é fora do normal. Quando é militante do partido mesmo, até cogito a hipotese de vir a pensar no que ele tem a dizer. Mas quando vejo que é um cara, que nem sabe as propostas da pessoa que ele tá falando pra gente votar, aí fica foda.

Há duas semanas atrás, eu fui “atacado” algumas vezes: Segunda-feira, eu fui a um show no Opinião. E lá estava alguns militantes do PC do B com bandeiras e panfletos, dizendo querer fazer mais pela juventude gaúcha. No dia seguinte, voltando do trabalho, desco do ônibus no centro e dessa vez me deparo com o pessoal do PSOL, no mercado e PMDB na esquina democrática. Salve o MP3 que me salva de abordagens clássicas: “já tem vereador, já tem prefeito? Vote em ciclano, vote em beltrano”. Dois dias depois, vou a um bar na Cidade Baixa para ver o jogo do tricolor e acreditem, estava no segundo andar do bar, quando o local foi tomado por “militantes” do PDT, querendo eleger um vereador com idéias nada inovadoras.

Cansado desse ataque ostensivo, procurei no fim de semana, ao menos, ficar distante dessa corja e fui atrás de um lugar para ver um belo pôr-do-sol , tomar um chimarrão, comendo bergamotas e ver umas garotas. Mas quem disse que consegui? No sábado, fui ao Marinha e lá estavam eles outra vez, prometendo mundos e fundos. Estavam todas as bandeiras, uma verdadeira festa. No domingo decidi ir a Redenção e adivinhem quem estava lá?

Eles não perdoam nem no futebol…E no futebol é pior ainda. É tão apelativo. Se utilizam do ópio do povo para entrar nas mentes das pessoas mais inocentes. Uma graninha pra uma torcida e uma garantia de entradas grátis nos jogos, e já tem garantido alguns votantes, além de alguns falsos militantes para panfletear e sacudir bandeiras nos estádios.

É uma multidão de pessoas fazendo passeatas, carreatas, banderaços, panfleteando… O engraçado é que quem lê isso, pensa que eu não gosto disso. No fundo, até gosto desse fervor. Mas o problema é que não há respeito. Não perdoam nem nos momentos de distração. Sem contar da invasão diária pela TV, rádio, internet, nos muros da cidade…

E é aí que as atividades alheias invadem nosso espaço privado. Pô, eu só quero ver um jogo, tomar uma cerveja, ver um pôr-do-sol, ver TV, em paz. Sem ter que ser bombardeado pelos apelos de um voto.

Mas como falei, né?! É ano de eleição…


Falando em ENADE

7 agosto, 2008

Outro dia escrevi falando sobre o ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) criticando a campanha que será feita pela AgexCom, além de explicar o motivo do boicote a prova.

Pois bem. Hoje, na Zero Hora saiu uma matéria falando do resultado do boicote dos estudantes de Educação Física da UFRGS. Em contra-campanha ao ENADE, os estudantes da ESEF conseguiram mobilizar os selecionados para realizar o exame, fazendo assim, o curso tirar nota 1 (menor nota que se pode tirar no exame, já que não é possível tirar 0).

Treixos retirados da matéria da Zero Hora de Hoje:

” O boicote dos estudantes da Esef foi incentivado por um movimento nacional coordenado pela Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física. De acordo com o ex-coordenador da executiva, o estudante de Educação Física Shin Nishimura, o ato de entregar a prova em branco representa uma série de incompatibilidades com o Enade.

A primeira divergência é com o caráter obrigatório da prova e com a não liberação do diploma aos alunos que não participam. Segundo Nishimura, a nota do Enade não corresponde ao conhecimento real e ao trabalho desenvolvido dentro das salas de aulas.

Os resultados, na avaliação do estudante da UFRGS, são utilizados como marketing pelas universidades que obtêm os melhores resultados.

– Algumas universidades fazem cursos preparatórios para o Enade e vinculam seu conteúdo ao que pode cair na prova. Isso prejudica a autonomia das universidades – complementa Nishimura.”

(…)

“Esse resultado não corresponde a uma deficiência do curso, mas a um posicionamento contrário ao sistema de avaliação do Ministério da Educação – ressalta Fraga (coordenador da Comissão de Graduação da Esef).

“Fraga destaca que os conceitos do mestrado e doutorado da Esef estão entre os mais altos do país, o que comprova que a graduação se insere no mesmo patamar.”

Que felicidade a minha ao ler tal matéria. Incrivel mesmo, foi le-la na Zero Hora.