Na terça-feira, postei uma matéria que saiu na Zero Hora, sobre uma polêmica gerada por um aluno da UFRGS, que entrou com um processo administrativo junto à universidade, por causa de um muro que foi grafitado, com a inscrição: “Pra que(m) serve o teu conhecimento?”, no Instituto de Letras da Universidade.
Este ser conservador alegava dano ao patrimônio, porém, a universidade arquivou o seu processo, por afirmar que, “antes de ser vandalismo, é um ato de extremo instigamento ao pensamento crítico, eivado de indagação filosófica que não desmerece o patrimônio”.
Pois bem. Quem achava que isso acabaria por aí, se enganou. Veja o que saiu na Zero Hora de ontem, quinta-feira:
“Mais tinta na parede da controvérsia
Ontem, depois de a UFRGS arquivar queixa por dano ao patrimônio e elogiar grupo que fez inscrição em parede sem pedir autorização, estudantes revoltados com a decisão cobriram a pintura
Com uma lata de tinta e um pincel levados de casa, dois alunos colocaram ontem mais lenha na polêmica envolvendo uma pintura não-autorizada em um prédio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Por volta das 16h, eles cobriram a inscrição “Pra que(m) serve o teu conhecimento?”, feita em abril numa parede externa do Instituto de Letras, no Campus do Vale, em Porto Alegre.
Por considerar a inscrição um dano ao patrimônio público, o aluno Anderson Gonçalves, 35 anos, do curso de Ciências Contábeis e integrante do Movimento Estudantil Liberdade (MEL), havia entrado com processo administrativo junto à universidade.
No mês passado, a Secretaria de Assuntos Estudantis (SAE) arquivou o caso dizendo que a pintura, “antes de ser vandalismo, é um ato de extremo instigamento ao pensamento crítico, eivado de indagação filosófica que não desmerece o patrimônio”. Como argumento, a SAE disse que não havia necessidade de autorização para a primeira pintura por se tratar de um espaço historicamente usado para manifestações dos estudantes.
O estudante de Letras Hermano Talamine, 23 anos, assumiu o ato de ontem com o colega de curso Augusto da Rosa, 22 anos.
– Resolvi pintar porque a lei (que tipifica pichação e grafite não-autorizados como crime no país) não está sendo cumprida. A iniciativa foi minha. Estamos a favor da lei e da democracia – disse Talamine.
Em tom salmão, a tinta cobriu parcialmente a inscrição em cerca de 10 minutos. Durante o ato, os jovens, que disseram não integrar o movimento estudantil nem partidos políticos, começaram a ser interpelados por estudantes contrários à cobertura do grafite. Segundo testemunhas, houve forte bate-boca e confusão por mais de 30 minutos, mas não a ponto de se agredirem fisicamente.
Seguranças da universidade foram chamados e acalmaram os ânimos. Foram anotados os dados pessoais dos dois estudantes. À noite, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), os diretórios e centros acadêmicos da UFRGS emitiram nota de repúdio ao ato dos dois estudantes.
– Não é um simples ato de um aluno contra uma obra de arte, mas é a manifestação de um grupo de estudantes conservadores que não toleram o questionamento do papel da universidade – avaliou o coordenador-geral do DCE, Rodolfo Mohr.
Ato de ontem foi repudiado por autoridades da UFRGS
Posição de repúdio também teve o secretário de Assuntos Estudantis, Angelo Ronaldo Pereira da Silva, que classificou o ato como “desnecessário”. Para ele, há assuntos mais importantes para serem motivos de discussão que a pintura de uma parede.
O autor do processo administrativo, Anderson Gonçalves, não se mostrou surpreso com a cobertura da inscrição. Para ele, foi uma resposta ao precedente aberto pela universidade quando não repreendeu os responsáveis.
O diretor do Instituto de Letras, Arcanjo Pedro Briggmann, que havia criticado o arquivamento do processo que isentou de punição os autores do grafite, também criticou a pintura mais recente:
– Eu repudio igualmente porque acho tão irregular quanto a primeira. Estão pintando um prédio público sem autorização. Vou pedir ao reitor uma verba especial para repintar a parede, mas é certo que em três dias vão pintar de novo.
Responsável pelo grafite que deu origem à mais nova polêmica na UFRGS, a estudante de Ciências Sociais Juliane da Costa Furno, 19 anos, não foi localizada por Zero Hora.”
Não é de se estranhar que pessoas tenham se sentido ofendidas com a frase, afinal, como disse a Secretaria de Assuntos Estudantis (SAE) da universidade “este é um ato de extremo instigamento ao pensamento crítico, eivado de indagação filosófica.” E de fato, para conservadores como estes dois, a frase deve ter feito-os pensar e refletir, o que deve ter incomodado bastante.
Imagina?! Pensar! Que absurdo.